Voltar para notícias · 15 março, 2019
As normas que permeiam as relações de consumo
estão, para a sociedade atual, com importância equivalente às leis de garantia
da cidadania forjadas nas lutas do Século XV. A comparação foi feita pelo
deputado estadual Felipe Orro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do
Consumidor da Assembleia Legislativa, para quem a expressão da cidadania na
sociedade moderna se dá, sobretudo, no respeito ao consumidor.
“O capitalismo é ancorado no consumo. O apelo ao
consumo está presente em todos os instantes da vida das pessoas, em todos os
ambientes que freqüentamos. Viver é consumir. É assim que o mundo foi
planejado. Cabe a nós uma vigilância constante para estabelecer um equilíbrio
nessa relação de forma a garantir que o mercado não atropele os direitos
sagrados da cidadania. Porque antes de sermos transformados em consumidores,
fomos forjados cidadãos, isso lá no Século XV, quando o capitalismo ainda não
estava formatado”, ponderou o deputado.
Felipe Orro é autor de duas dezenas de projetos
que buscam garantir ou ampliar direitos aos consumidores. Isso faz com que
identifique seu mandato a essa causa. “A defesa do direito do consumidor é uma
das bandeiras de meu mandato, por essa razão fiz questão de integrar e acabei
escolhido pelos demais membros para presidir a Comissão de Defesa dos Direitos
do Consumidor”, disse.
O mais recente projeto de sua autoria nessa área
é o que proíbe as concessionárias de fornecimento de energia elétrica e água a
cobrar taxa de religação dos serviços quando o corte se deu por atraso no
pagamento. “O consumidor já está sendo penalizado por ficar sem o serviço, e se
isso acontece é porque não conseguiu pagar. Ninguém pode dizer que água e luz
são serviços baratos hoje em dia, como era no tempo de nossos pais e avós. Além
disso, a próxima conta já virá com juros e multa pelo atraso. Portanto não
justifica penalizar ainda mais esse consumidor cobrando uma taxa para religar.
Até porque, se a primeira ligação não é cobrada, todas as demais também não têm
razão de ser”, justificou.
A luta do parlamentar contra a concessionária de
energia é antiga. Felipe integrou todas as comissões da Assembleia que
analisaram denúncias e queixas de consumidores a respeito de altas na tarifa ou
precariedade dos serviços. No último movimento, em 2017, a concessionária foi
obrigada a devolver mais de R$ 200 milhões aos consumidores por erros na
composição tarifária.
E o deputado encabeça, atualmente, outro
movimento questionando a elevação das contas verificadas nos meses de dezembro
e janeiro. Não descarta, inclusive, propor a abertura de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) para averiguar o caso. “Estamos reunindo provas”,
adiantou.
Nessa linha de relação com a concessionária de
energia, Felipe apresentou outros dois projetos: um que impede a interrupção
dos serviços nas sextas-feiras ou vésperas de feriado, porque mesmo pagando a
conta, a luz seria restabelecida só no próximo dia útil; e outro que obriga a
divulgação no site da empresa dos valores recolhidos dos consumidores a título
de taxa de luz, de cada município. Esse projeto virou lei e os valores estão
sendo divulgados mês a mês no site da Energisa.
Outro importante projeto de Felipe Orro que virou
lei – e em seguida foi normatizado em nível federal – obriga as operadoras de
serviços contínuos como TV, Internet, a estenderem a todos os consumidores
antigos eventuais vantagens que oferecem a novos clientes. “A gente via
campanhas oferecendo descontos de até 50% para clientes novos. O cliente antigo
tava pagando 100 pelo serviço, o novo ia pagar 50. Isso era muito errado. Agora
o cliente antigo tem direito aos mesmos descontos, se lançou um pacote novo,
todos podem trocar e ficar com o mais vantajoso”, explicou.
Felipe também aprovou lei que obriga bancos e
supermercados com mais de seis caixas a ter um caixa adaptado para cadeirantes.
Outra lei determina a existência de desfibrilador cardíaco em eventos com
grande público para atendimento a eventuais casos de parada cardíaca. Muitas
mortes podem ser evitadas com o uso do desfibrilador para reanimar o paciente,
justificou o parlamentar.
“São medidas muitas vezes simples, mas que fazem
muita diferença na vida das pessoas. Esse é nosso papel como legislador. Ficar
atentos a essas falhas na relação de consumo e propor correções. Até pouco
tempo não havia lei punindo o comerciante que deixasse exposto produto com
validade vencida. Azar era do consumidor que não lesse o rótulo. Sem falar em
outros absurdos que aconteciam, como a recusa de troca de produtos com defeito,
ou de tamanho inadequado. Hoje isso é inconcebível, as pessoas têm muito claro
que são direitos seus trocar um produto vencido ou que não serviu, mas isso foi
conquistado por leis”, pondera.
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